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Os efeitos colaterais da hiperautomação

Será que “Hiperautomação” é apenas mais uma palavra da moda que tem percorrido as tendências tecnológicas nos últimos dois anos? O que quero dizer com “efeitos colaterais” – poderá a hiperautomação não ser assim tão boa para o seu negócio?

Bem, a resposta é um grande NÃO para ambas as perguntas. Vamos ver…

A automação end-to-end de processos já era uma necessidade para muitas empresas e uma consequência das iniciativas de automação bem-sucedidas ao longo dos anos, que estavam prontas para escalar.

Começamos por automatizar atividades simples dentro de alguns processos. Depois disso, automatizamos todo o processo e, por fim, acabámos por automatizar workflows complexos com necessidades de recorrer a inteligência artificial e múltiplas aplicações recorrendo à Hiperautomação.

Todos sabem que os principais benefícios deste tipo de iniciativa são bem claros: redução de custos, aumento de produtividade eo redirecionamento de colaboradores para tarefas de maior valor acrescentado.

Então, e os incríveis efeitos colaterais que estão a acontecer e de que ninguém está a falar? Gostaria de partilhar algo que estamos a testemunhar nas organizações que estão a investir em grandes iniciativas de automação, como a Hiperautomação:

Os departamentos de TI estão mais próximos do negócio do que nunca.

Acredito que as equipas de TI desempenham um papel essencial em todas as grandes organizações que será ainda mais proeminente no futuro. Acabaram-se os dias em que ligávamos à equipa de TI apenas para pedir um computador, pedir para reparar a impressora ou dizer que a internet não está a funcionar. As empresas dependerão cada vez mais dos departamentos de TI para operar e escalar. No entanto, as equipas de TI têm sido vistas, historicamente, apenas como um serviço de suporte e um grande muro cresceu entre as TI e o negócio. Temos percebido que os projetos de automação têm sido uma oportunidade para as equipas de TI conhecerem detalhadamente o que as equipas de negócio estão a fazer, participando em sessões de dry-run dos processos e interagindo com os seus colegas para encontrar melhores soluções para o seu trabalho diário. As equipas de TI sentem-se mais envolvidas e motivadas e o grande muro está a transformar-se numa janela transparente dentro das organizações.

Os colaboradores ficam mais envolvidos ao serem desafiados a repensar os processos da empresa.

Quando pergunto a alguns funcionários por que fazem um processo de determinada maneira, a resposta muitas vezes é “porque sempre foi feito assim”. Isso significa que estão apenas a imitar colegas mais antigos sem sequer pensar por que razão essa é a melhor maneira de fazer o seu trabalho diário. Provavelmente alguns colaboradores até identificaram a oportunidade de melhoraria do processo, mas ninguém teve a oportunidade de parar, discutir e pensar sobre o assunto. Participar no redesenho de processos é algo que motiva bastante os funcionários, uma vez que sentem que podem realizar uma mudança positiva para a organização que é visível para os seus colegas. E, a partir deste momento, eles saberão responder quando alguém lhesperguntar porque fazem o processo dessa maneira.

A documentação do processo aumenta tremendamente.

Sejamos honestos, ninguém gosta de documentação… Mas toda gente gosta de ter a documentação do processo pronta para partilhar com os auditores e receber um elogio sobre como somos bem organizados. Bem, enquanto o principal objetivo dos projetos de automação é automatizar processos, um grande efeito colateral é o aumento da documentação do processo que é necessária antes do desenvolvimento dos robôs. No final, esta documentação é muito útil para auditorias e integração rápida de novos funcionários.

A possibilidade de uma melhor comunicação entre os diferentes departamentos.

Como alguns processos podem ter vários departamentos a interagir no mesmo workflow, as sessões de trabalho deste tipo de projeto podem ser realmente interessantes. Cada vez que começo um novo projeto deste tipo, fico surpreendido com a falta de comunicação entre departamentos vizinhos sobre a sua realidade operacional. Os colaboradores destes departamentos podem sentar-se um ao lado do outro e não saber o que os seus colegas fazem. Quando repensam juntos os processos, expõem as suas tarefas diárias de forma muito simples e clara e os colegas acabam por partilhar ferramentas e dicas que lhes podem ser muito úteis. Mais uma vez, melhor consciencialização, colaboração e transparência começam a acontecer.

Uma oportunidade para rever e otimizar o cenário aplicacional das organizações.

Muitas vezes ouço que a automação é uma solução para aplicações que não estão adaptadas às necessidades do negócio. Discordo parcialmente, pois mesmo uma arquitetura empresarial muito organizada e otimizada tem necessidades de comunicação e integração que só a automação pode suprir com uma relação custo-benefício sustentável. Projetos de hiperautomação são frequentemente a oportunidade de listar os requisitos do negócio e repensar o que precisa de ser redesenhado em termos do cenário aplicacional. Felizmente, muitas iniciativas positivas foram desencadeadas juntamente com projetos de hiperautomação devido ao trabalho prévio que precisa de ser feito antes de implementar a automação.

E é isto. Estes são os principais efeitos colaterais que temos presenciado e que geralmente não são listados como benefícios, apenas porque é difícil quantificá-los em números para convencer a Gestão a investir Mas não devemos negligenciá-los, pois são um bónus muito interessante durante esta jornada.